Fim do período chuvoso, fim da angústia de milhares de famílias que moram nas chamadas áreas de risco por este Brasil afora. É assim todo ano. Em Anápolis não é diferente. Já não se fala, mais, nos estragos que o Córrego “João Cesário’ provocou no trecho onde foram feitas novas passagens. Muito menos nos alagamentos e nos danos que as enxurradas causam em diferentes pontos da cidade.
Esses problemas ficam adiados para o próximo período chuvoso, uma vez que, a partir de agora, as preocupações mudam de foco e vão para outros setores, como a poeira nas ruas não pavimentadas, ou, a falta de atendimento em diferentes áreas do serviço público. Acontece que, em poucos meses as chuvas estarão de volta e, o que terá sido feito em termos de providências para se diminuírem os riscos e, até, mesmo, os estragos causados pelas enxurradas, pelos alagamentos?
Não se fala, por exemplo, em um trabalho preventivo de desobstrução das galerias de águas pluviais nas chamadas grandes avenidas e, até, nos setores considerados “gargalos” do escoamento da água pluvial. Seria preciso que este sinal de alerta se acendesse e que, com tempo suficiente, fossem adotadas as providências cabíveis.
É sabido, pois foi tecnicamente provado, que a principal causa dos alagamentos, das enchentes e inundações reside na errônea e criminosa ação de se dispensarem materiais recicláveis nas ruas e, consequentemente, nas galerias de captação. São milhares e milhares de latinhas de cervejas e refrigerantes, garrafas pet, embalagens plásticas, etc. que vão para as canalizações, impedido, desta forma, que a água escoe livremente. Isto, sem contar que, além de receberem a carga formada por pequenos objetos, os leitos dos córregos são, invariavelmente, transformados em depósitos de lixo, como pneus velhos, móveis inservíveis, e outros, que impedem o curso natural das águas.
Problema educacional, com certeza. A sociedade brasileira e, por extensão, a sociedade anapolina, ainda não despertaram para os males causados por estes procedimentos. Estaria faltando um trabalho mais consistente em termos de se educar, orientar e, em última análise, punir, exemplarmente, aqueles que colaboram para o agravamento da situação. Um sistema fiscalizador eficiente impediria que recapagens e lojas de pneus, por exemplo, jogassem nos leitos dos córregos e em locais ermos, milhares e milhares desses acessórios. Ou que, empresas contratadas para o desentupimento de fossas e transporte de sucatas, sobras de material de construção, galhos de árvores e assemelhados, depositassem-nos em locais indevidos. Quem sabe, estaria faltando um alerta das autoridades anapolinas sobre um melhor direcionamento na questão ecológico/ambiental. Se isto estivesse ocorrendo há tempos, por certo os efeitos das pesadas chuvas seriam bem menos agressivos do que os observados atualmente. E, olhe que ainda dá tempo de se corrigir esta situação em Anápolis. Basta querer. A não ser que se pretenda transformar a cidade em um Rio de Janeiro, ou em uma São Paulo, onde, a cada chuva mais forte, o pesadelo toma conta da população. De onde muitos pagam, até com a vida, pela irresponsabilidade de outros.
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