segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ferida aberta

Os crimes sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil, como no resto do mundo, estão se tornando comuns e não causam mais tanto espanto como causavam há tempos atrás. Seria um fenômeno social, ou a população vem se acomodando, a ponto de não se importar tanto mais com eles? A nossa capacidade de reação estaria diminuindo? Estaríamos nós, enquanto sociedade, aceitando que crianças e adolescentes sejam vilipendiadas em suas inocências, agredidas em suas cidadanias e suas dignidades, como se a nós não interessassem coisas assim?
São perguntas que se juntam a tantas outras, ante o horror, e o terror, que tais crimes, agora cometidos até pela internet, insistem na incidência, numa afronta à sociedade organizada. Cometer crimes sexuais contra crianças e adolescentes (contra adultos, também, são inaceitáveis) está virando caso de ficção, mote para campanhas políticas e motivos para autoridades se exibirem nos jornais, revistas, rádio e televisão. Só que, o que precisava ser feito, ainda não o está sendo: a criação de dispositivos inteligentes e eficazes para se combater essa praga social, essa coisa hedionda que é a agressão à pureza e à inocência de meninos e meninas.
A sociedade está a cobrar do Congresso Nacional e das demais casas legislativas, a criação de leis que venham de encontro às aspirações coletivas. Para que os culpados por esses crimes sejam punidos exemplarmente, a fim de que se iniba a continuidade de tais procedimentos. Os tribunais, repletos de homens e mulheres de alta remuneração, certamente poderiam fazer mais do que já estão fazendo. E o povo, o principal interessado em tudo isso, bem que poderia reagir, cobrando das autoridades uma tomada de posição mais concreta, mais objetiva.
Estaria faltando, quem sabe, motivação. Esta motivação que é vista em jogos da Seleção Brasileira, e em outras decisões esportivas por todo o Brasil, quando os torcedores enchem as ruas, gritam, esbravejam, vão às últimas consequências na defesa de seus clubes de coração. E nas campanhas políticas, quando a manifestação popular é extraordinária. Que tal se as famílias, os grupos organizados, os partidos políticos, a sociedade civil, também, se manifestassem assim, cobrando ações enérgicas de quem de direito, para que se adotassem as medidas saneadoras?
O que não dá para aceitar mais, é a passividade de todos, vendo pela televisão, bem acomodados na sala de estar, as notícias que ferem o corpo e a alma das pessoas. E, logo após, intermináveis entrevistas de autoridades avaliando, analisando, comentando e opinando sobre o assunto. E, lamentavelmente, ficar só nisso. Não se fala em providências a serem tomadas no dia seguinte. Ou, até no mesmo dia. Quem sabe, até que o próximo crime hediondo seja cometido. Reagir é preciso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário