segunda-feira, 3 de outubro de 2011

(re) Descoberta

Aos poucos, bem lentamente, as lideranças políticas mais influentes de Goiás estão voltando as vistas para Anápolis. De repente, as cabeças pensantes e os “luas pretas” das principais agremiações partidárias do Estado passaram a enxergar em Anápolis o eldorado de votos. Chegaram à conclusão de que, uma campanha bem feita junto aos mais de 219 mil eleitores, concentrados numa cidade a 50 quilômetros de Goiânia, é mais prática, mais eficiente e mais barata do que se trabalhar o proselitismo em dezenas de outros municípios, distantes, de difícil acesso e de pouca estrutura funcional, o que significaria baixo resultado político.
Menos mal, para uma cidade que, até há bem pouco tempo, estava à margem das discussões importantes para o Estado de Goiás, em que pese seu inestimável e indispensável peso socioeconômico na formação do Produto Interno Bruto de Goiás. E, os mais antigos já estavam com saudades dos tempos em que as decisões em Goiás, muitas delas, e, as mais importantes, passavam, quase que obrigatoriamente, por
Anápolis, cidade que ficou conhecida pelas posições tomadas, pelas decisões assumidas, principalmente no campo político/administrativo.
E, sem falsa modéstia, Anápolis tem esse direito, alcançou esse status, conquistou essa força e esse poder. Basta, para isso, que seja feita uma constatação no passado de Goiás. Quando surgiu a capital, Goiânia, Anápolis já existia e era uma cidade importante, em diversos aspectos socioeconômicos e culturais. Então, Anápolis foi um município decisivo para a construção da moderna capital. Era pela Estrada de Ferro, com estação final em Anápolis, que vinha grande parte do material de construção para as casas, os palácios, os prédios públicos de Goiânia, cidade que estava nascendo. De Anápolis saíram os gêneros alimentícios que supriram as despensas nos alojamentos dos trabalhadores. A grande massa de operários nas construções de Goiânia, na década de 40, saiu de Anápolis, assim como os primeiros investidores, os primeiros líderes.
Anos depois, já no final da década de 50, início da década de 60, Anápolis se apresentou, também, como cidade estrategicamente fundamental para a construção de Brasília, que está completando 50 anos. Da mesma forma, a participação de Anápolis no projeto de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, foi extraordinária. Depois disso, Anápolis se impôs como cidade fortemente guarnecida por uma estrutura política fundamental. Entretanto, essa força foi sendo diminuída, a ponto de a cidade desaparecer do cenário político regional. Os mandatos eletivos foram sendo, aos poucos, substituídos por cargos públicos. Deixou-se de dar importância à eleição de anapolinos interessados na elaboração de um projeto que beneficiasse a toda a comunidade, preferindo-se a sombra do poder, a comodidade de secretarias e diretorias.
Agora, ao que consta, essa autoestima vem sendo resgatada. Descobriu-se que um município sem representatividade política não soma nada, não ocupa espaço, não se impõe. E, os políticos, também, voltaram a entender que Anápolis, como já o fez em outras oportunidades, pode decidir uma eleição. Talvez seja por isso que eles, agora, não saem mais de Anápolis. Bom para eles, mas é muito melhor para os anapolinos que só precisam, agora, trabalhar e, também, elegerem seus concidadãos para os mandatos.

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