sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Fúria das águas

Falar de enchentes, inundações, alagamentos, quedas de barreiras, pontes rodando e outros desastres ambientais no Brasil está ficando fora de moda. Parece que não é mais novidade e não dá audiência nos meios de comunicação. Mas, infelizmente, esses eventos estão mais presentes do que nunca na vida de todos nós, independentemente da região em que habitamos e da qualidade da casa em que moramos. Estamos, todos, sujeitos e expostos aos desacertos ambientais que, na maioria dos casos, custam, até, a vida de pessoas.
Na semana que passou, duas crianças foram tragadas por águas de córregos na Cidade de São Paulo. No interior daquele estado, mais dois casos de gente que “rodou” com a enxurrada e morreu. Em Goiânia, um casal de irmãos, numa motocicleta, também, teve a mesma sorte. Jovens demais para morrer. Mas, morreram. Os motivos são explicados. Ou tenta-se explicar por que as pessoas estão morrendo “de graça” levadas por águas que, até há algum tempo, dificilmente provocavam tanta tragédia.
Dir-se-á que é por conta dos fenômenos climáticos, como El Niño e La Niña. Pode ser. Afinal de contas, os técnicos, estudiosos e demais pessoas que lidam com esse problema, assim nos explicam. Mas, com certeza, a questão não seria, somente, esta. Há mais coisas a serem reveladas e trabalhadas. A não ser que queiramos continuar assistindo a tanta dor e tanto sofrimento de quem já passa a vida sofrendo. A propósito, quanto custa uma vida, para ser levada na enxurrada? Ninguém tem resposta. Até porque, não existe resposta para isso.
O que pode estar acontecendo, e há muitas possibilidades de que seja real, é a banalização da vida. E, por que não, da morte? Ninguém mais se assusta quando desaba um morro, matando crianças. Ninguém mais se abala quando, de repente, pessoas desaparecem em meio à lama, à enxurrada, ao caos. São vidas, e vidas preciosas que se vão. Há casos em que os corpos nunca são encontrados, ao menos, para terem, pelo menos, um sepultamento digno.
Assim sendo, o que estaria faltando no Brasil (quem sabe em outros países também) é atitude. Esta é a palavra. Quando ocorre uma tragédia como essas, fala-se muito, concede-se muitas entrevistas, anunciam-se planos e projetos. Mas, passada a emoção, volta tudo à estaca zero. Em Anápolis, mesmo, há exemplos e mais exemplos disso. Pontos de inundação e alagamentos crônicos, históricos, de décadas que continuam inundando alagando, destruindo e causando prejuízos. Soluções que é bom, nada. Ou, quase nada. Não se trata de culpar, crucificar, ou, responsabilizar ninguém. A responsabilidade é de todos. Dos cidadãos que elegem governantes e dos governantes eleitos com a promessa de elucidar o problema e não o fazem, passado todo o curso de seus mandatos. Assim sendo, ou a comunidade passa a ser mais seletiva, mais exigente mais cobradora dos políticos, ou estas tragédias anunciadas vão continuar acontecendo. Até quando, ninguém sabe.

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