Esta semana as autoridades goianas ligadas às políticas de trânsito trouxeram ao conhecimento da população aquilo que milhares de famílias em Goiás e no Brasil inteiro já têm conhecimento de sobra: as mortes por desastres automobilísticos são em números muito mais assustadores do que as que se observam nas zonas de guerra, incluindo Iraque; Afeganistão, Judeus e Palestinos, além de outros conflitos históricos. O trânsito em Goiás matou, no período de nove anos, quase 15 mil pessoas. Das que foram registradas no momento do óbito. Uma grande porcentagem das vítimas de acidentes nas rodovias, nas avenidas e nas praças de Goiás, morre nos hospitais, dias, semanas e, até, meses depois, em decorrência dos desastres. Só que, estas, não fazem parte das estatísticas.
É difícil encontrar, hoje, uma família goiana, onde não haja a notícia, ou informação, de que alguém tenha se envolvido em acidente. Com danos materiais, ferimentos leves; ferimentos graves; invalidez e, infelizmente, milhares de mortes. O Governo se assustou com os números, mas, esta é uma realidade da qual estamos diante. Não tem como fugir. São números frios, mostrando a violência e a crueldade do trânsito que deixa famílias enlutadas, na maioria das vezes, sem o provedor da casa, passando seu grupo familiar a sofrer constrangimentos, os mais diferentes.
A pergunta que fica no ar é: por que se mata e se morre tanto no trânsito brasileiro, por conseguinte no trânsito de Goiás? Não há uma resposta só. São respostas, explicações, justificativas que, infelizmente, não convencem a quem perdeu bens materiais, perdeu parentes, filhos, esposas, maridos ou pais. Nada vai trazê-los de volta. Da mesma forma, não há consolo para quem vai, para sempre, viver numa cadeira de rodas ou em uma cama, por decorrência do acidente que, quem sabe, poder-se-ia ter evitado.
São efeitos de uma guerra injusta. Mas, repetimos, é a realidade posta diante de todos nós, sociedade brasileira e goiana. Culpar a quem? São os carros que estão mais velozes, as estadas mais atrativas para uma velocidade maior? Seriam os motoristas brasileiros e goianos despreparados para trafegarem por ruas, avenidas e rodovias, cada vez mais cheias de veículos? A sinalização é imperfeita ou o consumo de álcool, apontado como a principal causa dos acidentes, seria o vilão de toda essa história?
Na verdade, pelo que se pode depreender, é um pouco de tudo isso, em maior, ou menor, intensidade, dependendo do caso. A pessoa que bebe, vai para o trânsito, mata, fere, causa danos, em alguns casos é levada para a Polícia e, em lá chegando, se tiver condições, contrata um bom advogado e vai embora. Se for condenada, o máximo que pode lhe acontece, na quase totalidade das vezes, é a prestação de serviços comunitários, doação de cestas básicas e outras penalidades infames. Mas são as que a lei permite.
A aplicação, agora, do chamado “dolo eventual”, em que o motorista, bêbado ou não, drogado, ou não, assume o risco de matar, quando dirige em situação de risco, ao que parece, não está intimidando a ninguém, muito embora ela preveja penalidades mais severas, incluindo a prisão do infrator. Entretanto, a solução, ainda, não estaria aí. Parece que passa por um processo educativo, casado com leis mais severas, onde o criminoso de trânsito seja tratado, na essência, como criminoso. Fora disso, é assunto sem valor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário