segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O grande inimigo

Durante entrevista a uma importante revista de circulação nacional, esta semana, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o Brasil está diante de um de seus maiores inimigos de todos os tempos: o crack, a droga avassaladora que já fez um estrago praticamente irreparável na sociedade nacional. Uma porcentagem assustadora da juventude brasileira já se perdeu entre cachimbos, latinhas, tubos e outros apetrechos utilizados para o consumo desta, que é a mais letal droga em consumo por todo o mundo. O crack chegou ao Brasil há, relativamente, pouco tempo. Mas, seus efeitos mortais já causaram maior dano do que todas as outras drogas reunidas, em todos os tempos. É uma epidemia que atingiu, e continua atingindo, milhões de pessoas, lamentavelmente, em todas as faixas etárias e nos mais diferentes níveis sociais. Milhares e milhares de famílias convivem, diariamente, com esse drama, vendo filhos e filhas se consumirem em pouco tempo. Esta droga conduz as pessoas a um estado vegetativo, em muitos casos, sendo consideradas zumbis (mortos vivos), tendo em vista caírem na vala dos inúteis e dos improdutivos. Pais e mães de famílias deixando filhos; empregos; lares; igrejas, o convívio social, atraídos por este mal do século que, em duas ou três tragadas, vicia a pessoa de forma praticamente irreversível.
Em sua fala, o Ministro Padilha disse o que todos nós já sabemos: o Governo, por si, não consegue vencer o mal do crack. Ou a sociedade reage, enfrenta o problema de forma organizada, com coragem e eficiência, ou o futuro da juventude brasileira tende a descambar para um abismo sem fim. Não existem, no Brasil, clínicas suficientes para o tratamento de todos os viciados. Nem públicas, nem particulares. As poucas que funcionam estão superlotadas, com grandes filas de espera. Não existem medicamentos comprovadamente eficazes para se libertar o viciado em crack desse terrível problema. As organizações não governamentais, as igrejas de diferentes credos e denominações, assim como iniciativas esporádicas de outros setores tentam, pelo menos, diminuir a dor das famílias. Todavia, a coisa é muito desigual.
Saliente-se que o crescente número de viciados é incomparavelmente maior do que o número de recuperados. O que se torna imperativo, “para ontem” é o Governo Federal, com o apoio dos governos estaduais e municipais, além da sociedade organizada, lançar uma frente ampla de combate ao crack, pelo menos em duas vertentes: uma de assistência para quem já está mergulhado no vício (pessoas que não conseguem se libertar) e outra de sistemático combate policial/judiciário, agindo com rigor contra o comércio de drogas, principalmente criando dispositivos mais eficazes e mais eficientes para dificultarem esse estado de coisas. O Governo, se quiser, tem alguns exemplos interessantes que vêm dando certo em várias partes do Brasil e que podem ser copiados e/ou adotados de forma oficial. Aqui em Anápolis, mesmo, o trabalho da Cruzada Pela Dignidade é um dos que podem ser ampliados e estendidos em nível nacional. Do jeito que está é que não pode ficar. Saída tem. O que talvez esteja faltando é vontade política. 

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