Num país de dimensões continentais, como o Brasil, é muito fácil se falar em superlativos. Temos a maior floresta do mundo; o litoral mais extenso; a fronteia mais ampla; o maior estádio de futebol e muitas outras coisas. Nos contextos estadual e municipal, igualmente nos orgulhamos de projetos e realizações superdimensionadas, como grandes lavouras; grandes rebanhos, grandes indústrias, grandes grupos comerciais. Esquecemo-nos, todavia, que, embora com toda essa “grandeza” o Brasil é levado nas costas pelos pequenos e micro empresários. Eles representam mais de 75 por cento de nosso PIB. Enquanto em uma grande indústria do ABC Paulista, por exemplo, se assentam cinco, seis mil trabalhadores, em qualquer feira, ou mercado de São Paulo, estão geradores de riquezas em número bem maior.
Ao passo em que numa grande empresa do Daia, por exemplo, estão mil, mil e quinhentos trabalhadores, somente na Avenida Brasil Sul, contando comércios, oficinas, restaurantes, etc. esse número é várias vezes maior. E por aí vai. É certo que a União, os estados e os municípios dependem das riquezas geradas nos grandes conglomerados. É claro que eles dão status e muita firmeza para qualquer comunidade. Afinal de contas, que cidade não gostaria de ver desfraldada uma bandeira multinacional, mostrando que, ali, existem altos investimentos. Em muitos casos, subsidiados. Mas, existem.
Acontece que, está se passando da hora de o Brasil como um todo e, consequentemente, os estados e municípios, desenvolverem políticas mais específicas para fomentarem os micros e pequenos empresários. Não se pode negar que alguma coisa já foi feita. Mas, ainda está muito longe de se ter a situação ideal. Muitos pequenos empreendedores têm vontade de crescer, e esbarram, principalmente, na dificuldade de acesso ao crédito, do fomento às suas aspirações e sofrem, ainda, com a discriminação e o preconceito de alguns setores da economia formal. Uma pena.
E, para quem não sabe, é bom saber: os micros e pequenos empresários são os melhores pagadores que existem. Dos empréstimos que, periodicamente, ou esporadicamente, contraem, a taxa de adimplência chega a surpreender. Ou seja: os pobres honram seus compromissos. Mesmo assim, não se entende por que tanta dificuldade para conseguirem ajuda financeira, formalizarem seus negócios e gerarem mais tributos, mais postos de trabalho e mais riquezas para os municípios, estados e, por conseguinte, para a União. Há, é claro, alguns projetos até interessantes. Muitos deles funcionam. Ocorre que, se os governos voltassem, de verdade, as vistas para esses pequenos empreendedores, com certeza a taxa de desemprego seria menor; a informalidade desapareceria, os erários seriam recheados com contribuições desses verdadeiros construtores da Nação. É assim que funciona a economia. A cadeia produtiva se faz com a junção de esforços, com o somatório de potencialidades e com uma proposta inteligente de crescimento. Em países como o Japão; Hong Kong, Espanha e Itália, para citar somente esses, isto funciona. E, funciona bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário